PRÉ-PRODUÇÃO VISUAL

STORYBOARD

Com o roteiro e o design dos personagens em mãos, o artista storyboarder irá contar a história criando uma sequência de imagens, utilizando os planos de câmera, definindo como os personagens irão atuar em determinadas cenas, a transição de uma cena para outra, ou seja, ele é a pessoa responsável por ser o contador de história do audiovisual, para isso vamos entender cada etapa do processo de criação para um storyboard.

PLANOS:

A definição dos planos é uma etapa crucial no processo de criação de um storyboard, pois ajuda a visualizar como cada cena será composta e como a narrativa será apresentada visualmente. Aqui estão algumas definições de tipos de planos com exemplos:

Plano Geral (Wide Shot ou Long Shot):

Nesse tipo de plano, uma grande área é mostrada para situar o espectador no ambiente e na cena. É frequentemente usado para estabelecer locais e mostrar a relação entre personagens e o ambiente.

Frame do curta Enterrada Fatal – Estúdio Escola de Animação 

(Créditos: Canal Estúdio Escola de Animação)

Plano Médio (Medium Shot):

Este plano captura o personagem ou os personagens de tamanho médio, enquadrando ele por inteiro com um pouco de espaço em volta do personagem. É útil para mostrar a interação ou ação dos personagens.

Frame do curta Enterrada Fatal – Estúdio Escola de Animação 

(Créditos: Canal Estúdio Escola de Animação)

Plano Americano (American Shot):

Nesse plano, os personagens são enquadrados a partir dos joelhos para cima. Isso é muito útil em cenas onde a expressão facial e a linguagem corporal são importantes, além de manter visíveis elementos do ambiente.

Frame do curta Enterrada Fatal – Estúdio Escola de Animação 

(Créditos: Canal Estúdio Escola de Animação)

Primeiro Plano (Close-Up):

O primeiro plano foca em um elemento específico, geralmente o rosto de um personagem, para mostrar detalhes sutis das expressões e emoções, ou objetos bem próximos.

Frame do curta Enterrada Fatal – Estúdio Escola de Animação 

(Créditos: Canal Estúdio Escola de Animação)

Plano Detalhe (Detail Shot):

Esse plano destaca um objeto ou detalhe específico, muitas vezes utilizado para ressaltar algo importante na narrativa.

Frame do curta Enterrada Fatal – Estúdio Escola de Animação 

(Créditos: Canal Estúdio Escola de Animação)

Plano Subjetivo (Point of View – POV):

Nesse tipo de plano, a cena é apresentada do ponto de vista de um personagem, mostrando o que ele estaria vendo.

Frame do curta Falsos deuses – Estúdio Escola de Animação 

(Créditos: Canal Estúdio Escola de Animação)

Contra-Plongée (Low Angle Shot):

Nesse plano, a câmera é posicionada abaixo do nível dos olhos do personagem, criando uma sensação de poder ou superioridade.

Frame do curta Trip & Treasure – Estúdio Escola de Animação 

(Créditos: Canal Estúdio Escola de Animação)

Plongée (High Angle Shot):

Aqui, a câmera é posicionada acima do nível dos olhos do personagem, dando a impressão de vulnerabilidade ou inferioridade.

Frame do curta Enterrada Fatal – Estúdio Escola de Animação 

(Créditos: Canal Estúdio Escola de Animação)

CORTES E TRANSIÇÕES:

O corte é ato de interromper uma cena ou uma tomada, para em seguida, iniciar uma nova cena ou tomada. Isso é feito na edição para criar um ritmo narrativo, estabelecer conexões entre cenas e controlar a progressão da história. Os cortes podem variar em duração, de cortes rápidos e dinâmicos a cortes mais longos e contemplativos.

O corte permite ao diretor e ao editor controlar o fluxo de informações, criar tensão, estabelecer transições entre cenas e manter o interesse do espectador. O timing e a escolha dos cortes influenciam diretamente a experiência do público ao assistir sua obra.

Já as transições, são técnicas utilizadas para criar passagens suaves ou impactantes entre cenas, ou tomadas. Elas são usadas para indicar a passagem do tempo, estabelecer conexões temáticas ou emocionais e criar uma sensação de continuidade na narrativa.

Existem diversos tipos de cortes e transições, abaixo o canal do youtube “RocketJump Film School”, exemplifica cortes e transições utilizados em filmes:

Cortes e Transições

(Créditos: RocketJump Film School)

LINHA DE PRODUÇÃO:

O storyborder desempenha um papel crucial em todas as etapas de produção, podendo simplificar ou complicar o trabalho subsequente, como rigging, animação e cenários. A produção é um esforço de equipe, e as escolhas do storyboard impactam todo o projeto. Portanto, é fundamental considerar todas as etapas que vêm após o storyboard.

A seguir apresentaremos a  linha de produção que segue as seguintes etapas:

  • Roteiro: É o documento que contém as descrições de cenas, ações dos personagens, localização da história, enfim, toda parte narrativa está escrita e descrita nele. É o primeiro passo antes de desenvolver a parte visual da história.
  • Pré-Board:  A equipe de arte é a primeira a ter acesso ao roteiro. Essa equipe de artistas lê, faz a decupagem, desenha e ilustra tudo conforme o roteiro. Eles definem o que vai ser importante para o artista storyboard ter em mãos na hora de fazer o storyboard e animatic. Nessa fase, são definidos os personagens, cenários e objetos de interação. Isso engloba tudo o que facilitará o trabalho do storyboarder, a fim de evitar alterações posteriores devido à falta de informações concretas.
  • Storyboard: O storyboarder utiliza as informações do pré-board e do roteiro para desenhar as cenas. As cenas são elaboradas para contar a história, e, dependendo do projeto, o storyboarder pode ter mais liberdade para acrescentar ações que não estavam detalhadas no roteiro, com o objetivo de conectar as próximas cenas e torná-las mais interessantes. No entanto, essa liberdade varia de acordo com o projeto específico.

Abaixo temos um exemplo de storyboard:

Storyboard criado para o curta El Churro

(Créditos: Estúdio Escola de Animação)

  • Animatic: No storyboard temos os desenhos das cenas em quadros, já no animatic esses quadros são colocados em uma linha do tempo em vídeo, com a definição do timing de cada cena.

Essa é uma parte essencial, já que após a aprovação do animatic, cada cena será cortada para ser inserida no setup, para facilitar o processo de animação.

Abaixo temos exemplos de alguns animatics:

Demorell Storyboard | Animatic

(Créditos: Maiko Gonçalves)

  • Post- BoardDepois que o animatic estiver aprovado, a galera de arte volta, e agora ele criam desenhos de tudo criado a partir do storyboard.

Exemplo: Digamos que esse personagem precisou utilizar um chicote para pular de um lugar para outro e pegar a fruta mágica. No entanto, isso não estava no roteiro inicial; foi um acréscimo no storyboard para conectar melhor a cena. A equipe do post-board ficaria responsável por criar o chicote, proporcionando à equipe de animação todo o material necessário para a realização da animação.